Anglo American procura harmonia coerciva em meio a clima de terror no entorno das suas minas em Minas Gerais, Brasil

20140929_161409Logo na semana em que a Rede de Articulação e Justiça Ambiental dos Atingidos pelo Projeto Minas Rio (REAJA) e a Rede de Mineração de Londres (London Mining Network, uma rede em que participam 30 organizações) denunciam os graves impactos socioambientais e as ameaças a integridade física dos moradores atingidos em torno da mineração em Conceição de Mato Dentro, MG (http://conflitosambientaismg.lcc.ufmg.br/noticias/mineracao-em-conceicao-do-mato-dentro-denunciada-na-assembleia-da-anglo-american-em-londres/), a empresa inicia a distribuição de convites para uma reunião com representantes da Anglo American. Tal reunião teria como finalidade o aprimoramento do diálogo com a empresa e o objetivo de “conhecer o EIA/RIMA preparado para a Etapa 3 do Minas-Rio”, procurando, segundo ofício, “…construir soluções que permitam o convívio harmônico”.

Contudo, acontecimentos recentes instauraram um verdadeiro clima de terror nas referidas comunidades, que envolveram desde notas em  redes sociais até ameaças de morte aos autores de uma Ação Popular que obteve, na Justiça, o cancelamento de uma Audiência Pública. O cancelamento da Audiência foi solicitado exatamente porque os Estudos de Impacto Ambiental não foram disponibilizados com tempo suficiente para o conhecimento e análise do mesmo. Portanto, a audiência seria somente uma propaganda da empresa acerca do empreendimento e não atenderia ao seu objetivo original, relativo à discussão qualificada acerca dos direitos dos atingidos e das falhas e lacunas dos estudos ambientais apresentados.

Diante da escalada de violência, impulsionada por notas, matéria em jornal local, que expuseram os autores, e por vídeo publicado no Facebook da própria Anglo American após o cancelamento da audiência, pesquisadores do Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais (GESTA) e Programa Polos de Cidadania (Polos), da UFMG, que, entre outras instituições, também foram convidados para a mencionada reunião, alegam que, nestas circunstâncias de intimidação e terror, qualquer tentativa de encontros ou audiências públicas junto com os moradores e seus apoiadores revelam uma dupla estratégia: enquanto a população sofre pressões e calunias intimidadoras, as audiências públicas servem apenas como elemento – para “inglês ver” – de “boa governança” por parte da empresa, na busca de um falso consenso. Nestas condições, segundo os pesquisadores, as tentativas da empresa, assim como determinados setores coniventes na esfera das instituições públicas, configuram uma verdadeira pressão para alcançar uma “harmonia coerciva”, enquanto os Direitos Humanos amparados na Constituição Brasileira estão sendo violados, tornando os moradores afetados em vítimas de um verdadeiro descaso planejado, que pode resultar em desastre com prejuízo à segurança dos atingidos, tendo em vista a escalada dos conflitos e multiplicação das intimidações e ameaças.

Link das cartas-resposta dos pesquisadores do GESTA e Polos à Anglo American, na íntegra: 

CARTA RESPOSTA POLOS

CARTA RESPOSTA GESTA

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