Audiências públicas discutirão retomada das atividades da Samarco em Mariana

Por: Movimento pelas águas e serras de Minas

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O governo estadual publicou, no dia 22 de novembro, a realização de duas audiências públicas que vão acontecer esta semana (quarta-feira, em Ouro Preto, e quinta, em Mariana) sobre o licenciamento da disposição de rejeitos (por um ano e meio) para possibilitar a retomada das atividades da Samarco.

Bem na véspera do período de Natal/Ano Novo, férias escolares e recesso do judiciário e ao final de um ano com grande instabilidade política, econômica, social e de ataques à legislação ambiental.

Pretendem usar uma cava quase exaurida da empresa – “Alegria Sul” (também conhecida como “Alegria E”) – para depositar novos rejeitos, quando a mesma deveria receber a lama do DESASTRE, que continua depositada ao longo dos rios Santarém e Gualaxo do Norte, e desce de Mariana para os rios do Carmo e Doce. Como demostram relatórios do Ibama, a Samarco e a Vale/BHP insistem em não remover os rejeitos do desastre que causaram. Além disso, começam o licenciamento da retomada de forma fragmentada, isto é, sem avaliar o Complexo da Germano/Alegria como um todo, a alternativa tecnológica ao beneficiamento a úmido e sem o cumprimento da reparação dos impactos do rompimento.

É justo que uma empresa acusada de “homicídio qualificado com dolo eventual” – que assumiu o risco de matar – volte a funcionar como se nada tivesse acontecido? Sem ter se empenhado na retirada dos rejeitos onde eles ficaram jogados?

Sem ter atendido devidamente os impactados, de Bento Rodrigues até a foz do rio Doce? E ainda tendo regateado e recorrido sistematicamente do pagamento de multas? Um país que clama por legalidade, moralidade e segurança jurídica de sua população continuará até quando refém de empresas que se consideram acima dos comuns e da justiça?

Será que governantes e políticos (até o momento o Ministério Público demonstra agir com isenção) vão tratar o MAIOR DESASTRE AMBIENTAL da história de Minas Gerais e do Brasil sacramentando a maquiagem da destruição de Bento

Rodrigues, Paracatu de Baixo e dos vales dos rios Gualaxo e Carmo? Até quando o sofrimento de milhares de pessoas, a tristeza de pescadores, ribeirinhos, dos povos Krenak e Tupiniquim e o ecocídio do rio Watu (o Doce na denominação indígena) serão tratados de forma irresponsável e menor pelos que correm pela retomada das operações da empresa, sem revisão do modelo, sem pagamento de obrigações, sem reparação dos estragos ambientais e sociais? Não é só o pagamento de indenizações às famílias vilipendiadas pelo homicídio de 20 vidas (entre elas 2 crianças e uma em gestação) e nem os empregos de volta, que a empresa apregoa, que se fará a devida Justiça.

A Samarco, que é Vale S.A. e BHP Billiton, assumiram riscos muito graves e agora devem pagar pelos mesmos  devidamente e, para a dignidade do Estado e do País e de todos os seus cidadãos, não pode ser com jeitinho, arranjos de conveniência entre autoridades, políticos e acionistas, que se põe a desmoralizar o tratamento de um escândalo de caráter internacional. Ao transferir suas responsabilidades criminais para uma fundação batizada com o nome “Renova”, a Samarco e suas controladoras Vale e BHP Billiton projetaram jogar nas nuvens do esquecimento o seu nome como as verdadeiras criminosas. Chantageiam os trabalhadores e a população de Mariana, que também são vítimas do seu CRIME e irresponsabidade empresarial.

Transferir o ônus do crime para os atingidos ou o meio ambiente tem um nome: COVARDIA. E os que produzem desinformação para manipular os sentimentos mais diversos neste âmbito, reincidem no crime que vêm cometendo há décadas, de enganar e se valer da fragilidade de seres humanos e suas famílias. Mariana não superará esse crime com mentiras e injustiça. Mariana está hoje sob o olhar atento do mundo e tudo o que aí se fizer ou deixar de ser feito será definitivo. A Samarco não quer a redenção de Mariana, não quer investir na justa reparação do dano que causou. Por isso enrolou durante um ano as autoridades ambientais. Para buscar a solução mais precária para a tragédia que causou e retomar suas atividades com  novas barragens de rejeitos fazendo a acomodação dos rejeitos do desastre nos locais onde estão lançados e sobre o que restou de Bento Rodrigues, com o Dique S4, mais uma violência Estado/empresas.

As datas dessas audiências públicas foram orquestradas para contar com a comoção daqueles que, com a crise na economia (especialmente em Mariana), estão encurralados e sem perspectiva de mudanças. Precisamos participar, escutar as informações e mostrar claramente nosso respeito e solidariedade a todos os atingidos e a indignação contra o CRIME cometido pela Samarco-Vale-BHP Billiton e a TRAGÉDIA, que NÃO FOI ACIDENTE.

Reflita, compartilhe e convide os amigos. Compareça às audiências públicas. Chegue mais cedo para garantir seu lugar.

Leve seu celular vazio para gravar esse momento. Porque ele é histórico e será lembrado para sempre.

Dia 14 – 18:30 – Parque Metalúrgico – Pilar – Ouro Preto.

Dia 15 – 18:30 – Arena Mariana – Avenida Contorno 454 -Mariana.

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