Café Controverso debate os estragos da maior tragédia ambiental brasileira

Evento acontece no próximo sábado, às 11h, na Cafeteria do Espaço do Conhecimento. A participação é gratuita e será acessível em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)

Enviado por: Espaço do Conhecimento UFMG

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Um ano após a maior tragédia ambiental do país, pouco foi feito. Os estragos da lama, repleta de rejeitos de mineração da Samarco, ainda ecoam na vida dos moradores de diversos municípios de Minas Gerais e do Espírito Santo. Junto às cidades, foram devastadas, também, a cultura e a tradição locais. O descaso com a população, combinado a ações ineficientes e à ausência de responsabilização efetiva das empresas envolvidas, torna o caminho da lama ainda mais tortuoso.

Diante de um cenário cercado de impunidades, os moradores vêm lutando para manter vivas suas memórias e garantir seus direitos. Discutir esse quadro social é a proposta da última edição do Café Controverso do ano, O Estrago da Lama, que acontece no próximo sábado, 26 de novembro, às 11h, na Cafeteria do Espaço do Conhecimento UFMG. Participam do debate Lucimar Muniz, herdeira de propriedades em Bento Rodrigues atingidas pelo rompimento da barragem, e Raquel Oliveira, pesquisadora do GESTA-UFMG e professora do departamento de Sociologia da UFMG. O evento tem participação gratuita e será acessível em Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS).

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Percurso doloroso

Eram quase quatro da tarde quando um mar de lama invadiu Bento Rodrigues. Os 15 minutos que se seguiram pareceram eternos: cerca de 40 milhões de metros quadrados de rejeitos de minério de ferro, provenientes do rompimento da barragem de Fundão, das mineradoras Samarco, Vale do Rio Doce e BHP, devastaram o subdistrito de Mariana. Por onde passou, a lama destruiu casas, famílias e vidas, deixando 19 mortos e centenas de feridos. A bacia do Rio Doce, principal da região sudeste, foi totalmente poluída, impedindo as atividades de pesca da população ribeirinha e o abastecimento de água em municípios da região central de Minas Gerais e do litoral do Espírito Santo.

Mas os estragos não param por aí: dos inúmeros processos existentes contra a Samarco, grande parte foi suspensa ou ainda nem sequer chegou a ser analisada. Enquanto isso, a empresa tem empreendido ações na justiça para dar continuidade às suas atividades. Lucimar Muniz é herdeira de propriedades onde está em construção o quarto dique da mineradora em Bento Rodrigues (DiqueS4), que serve para sustentar os rejeitos que sobraram da barragem rompida. Sem receber qualquer tipo de informação, ela e a família aguardam uma resposta, que nunca chegou.

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“Além de não termos sido indenizados, o que mais nos incomoda é a falta de participação da comunidade nesse processo, que é uma coisa bizarra. Tudo isso amplia os danos provocados pelo rompimento da barragem”, ela conta. Quando chegou em Bento, após a tragédia, o cenário que encontrou foi desalentador. Do sítio em que passava as férias desde a infância com a família, não sobrou nada. Desde a tragédia, Muniz atua na defesa do patrimônio cultural das comunidades afetadas e é membro do Conselho Editorial do Jornal A Sirene, composto pelos atingidos.

Nesse sentido, segundo Raquel Oliveira, pesquisadora do GESTA-UFMG e professora do departamento de Sociologia da UFMG, o desastre não se restringe à espacialidade da lama. “É preciso entendê-lo como um processo social que se desdobra em crise crônica na medida em que suas repercussões se revelam profundas e continuadas. Tudo isso gera um doloroso processo de reorganização no que tange às interações sociais, às relações com o território, com os recursos naturais e com as estratégias de vida historicamente construídas pelas famílias para sua reprodução econômica e social”, afirma a pesquisadora, que desenvolve estudos no Grupo de Pesquisa em Temáticas Ambientais da UFMG (GESTA-UFMG).

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Café Controverso

O conhecimento raramente passa pelo consenso, e sua construção se faz sempre pelo diálogo. Nos Cafés Controversos, os temas são amplos e diversificados. Na cafeteria do Espaço do Conhecimento, são abordados assuntos de diferentes setores da cultura, das artes e da ciência. Um espaço de debate e troca de ideias e perspectivas.

 

Espaço do Conhecimento UFMG estimula a construção de um olhar crítico acerca da produção de saberes. Sua programação diversificada inclui exposições, cursos, oficinas e debates. Integrante do Circuito Liberdade, o Espaço do Conhecimento é fruto da parceria entre a UFMG e o Governo de Minas. O Espaço conta com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG, da Rede de Museus e Espaços de Ciências e Cultura da UFMG e está subordinado à DAC – Diretoria de Ação Cultural da UFMG.

[Créditos das fotos: Jornal A Sirene]

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Serviço:

Café Controverso: O Estrago da Lama

Data: 26 de novembro

Horário: 11h

ConvidadosLucimar Muniz, herdeira de propriedades em Bento Rodrigues, e Raquel Oliveira, pesquisadora do GESTA-UFMG e professora do Departamento de Sociologia da UFMG.

Entrada gratuita. Evento acessível em Libras (Língua Brasileira de Sinais).

Local: Espaço do Conhecimento UFMG – Praça da Liberdade, 700, Funcionários, Belo Horizonte (MG).

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