Novas assinaturas reforçam o descontentamento de movimentos sociais e acadêmicos em relação à chamada FAPEMIG 07/2018, referente à concessão de apoio para pesquisas alinhadas aos interesses da VALE S.A.

Movimentos Sociais, Professores, Pesquisadores e Grupos de Pesquisa

Os professores, pesquisadores, grupos de pesquisa e movimentos sociais abaixo-assinados vêm expressar de público seu veemente desacordo em relação à Chamada FAPEMIG 07/2018, referente à concessão de apoio para pesquisas em espeleologia. Como afirma explicitamente a Chamada, seu objetivo é “Apoiar projetos de pesquisa e inovação científica e tecnológica nas ICTs localizadas em Minas Gerais, para o desenvolvimento de pesquisas alinhadas aos interesses da VALE S.A., do setor da mineração e do Estado de Minas Gerais” (grifos acrescidos). Causa-nos indignação e espécie que a mais importante agência de fomento à pesquisa do estado de Minas Gerais seja assim posta a serviço dos interesses de uma empresa privada e, pela função que exerce, se preste a conclamar pesquisadores de instituições públicas a acompanhá-la. Da perspectiva democrática e republicana que assumimos, trata-se de inexplicável esforço de empregar para fins privados os parcos recursos públicos de que dispomos para a pesquisa no estado, tais como os recursos humanos e materiais da FAPEMIG e das próprias instituições púbicas de pesquisa que venham a se qualificar para o recebimento de apoio no âmbito da Chamada em questão. É grave e fartamente documentado por pesquisas empíricas, o descaso da Vale em relação aos danos sociais e ambientais acarretados pelas atividades minerárias que ela exerce em território nacional. A tragédia da ruptura da Barragem de Fundão – ocorrida, em novembro de 2015, na cidade mineira de Mariana, da qual resultaram 19 mortos, a destruição aterradora de um de nossos mais importantes rios, e um sem-número de imensuráveis sofrimentos materiais e psicológicos – não representa um ponto fora da curva de frequência das tragédias ambientais e humanas produzidas pela Vale. Nesse sentido, não há como deixar de considerar a Chamada FAPEMIG 07/2018 como um prêmio que o estado oferta à empresa, em reconhecimento pelos “serviços prestados” ao meio ambiente e à população mineira. Prêmio que soa como desrespeito em relação à comunidade acadêmica e como zombaria sinistra em relação ao padecimento extremo por que passam os “atingidos pela Vale”, sistematicamente constituídos por populações, comunidades e povos econômica e politicamente fragilizados pelas imensas desigualdades sócio-ambientais entre nós vigentes. De um ponto de vista republicano, democrático e, mesmo, humanitário, caberia ao Estado empregar seus recursos (providos pela riqueza produzida pelos trabalhadores) para planejar e implementar políticas de proteção social e de combate às desigualdades sócio-ambientais, ao invés de alinhar-se, submissamente, aos interesses de ganho privado da empresa que se tornou símbolo de morte. ASSINAM:

  1. ABREA – Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto
  2. ACPO – Associação de Combate aos Poluentes
  3. AMAR – Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária
  4. APROMAC – Associação de Proteção ao Meio Ambiente
  5. Articulação Antinuclear Brasileira (Brasil)
  6. Articulação dos Atingidos pela Vale
  7. Associação Movimento Paulo Jackson – Ética, Justiça, Cidadania (Bahia)
  8. AUÊ! Grupo de Estudos em Agricultura Urbana da UFMG
  9. Bernardo Jefferson de Oliveira – Professor da Faculdade de Educação – UFMG
  10. Bicuda Ecológica
  11. Carlos Henrique Rezende Falci – Professor Associado – Escola de Belas Artes – UFMG
  12. Clodoveu Davis - Departamento de Ciência da Computação - ICEx – UFMG
  13. Coletivo de Mulheres do Xingu
  14. Comitê Migrações e Deslocamentos da ABA
  15. Comitê Povos Tradicionais, Meio Ambiente e Grandes Projetos da ABA
  16. Criola
  17. Dachverband Kritische Aktionäre – Associação de Acionistas Críticos, Colônia, Alemanha
  18. Débora d’Ávila Reis – Professora Titular do ICB/UFMG e membro do Fórum de Divulgação Científica da UFMG
  19. ETTERN- Laboratório Estado, Trabalho, Território e Natureza, UFRJ
  20. FASE – Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional
  21. FDCL – Centro de Pesquisa e Documentação Chile – América Latina, Berlim, Alemanha
  22. Fórum em Defesa de Altamira
  23. Fórum Nacional da Sociedade Civil na Gestão de Bacias Hidrográficas (Fonasc.CBH)
  24. GEEMA – Grupo de Estudos em Educação e Meio Ambiente, RJ
  25. GeografAR – Grupo de Pesquisa  Geografia dos Assentamentos na área rural da Universidade Federal da Bahia
  26. GESTA – Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais da Universidade Federal de Minas Gerais
  27. GETTAM – Grupo de Pesquisa  Estado, Território, Trabalho e Mercados Globalizados na Amazônia
  28. Grupo de Estudos Amazônicos – GEAM/ UFF
  29. Grupo de Estudos em Território e Identidade – GETI/UFPB
  30. Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente da Universidade Federal do Maranhão (GEDMMA/UFMA )
  31. Grupo de Pesquisa Hidrelétricas e Sociedades na Amazônia
  32. Grupo de Pesquisa Historicidade do Estado, Direito e Direitos Humanos (GPHED/UFBA) – coordenador: Prof. Julio Cesar de Sá da Rocha.
  33. Grupo de Pesquisa Resistências e ReExistências na Terra (ReExisTerra) – NAEA/UFPA
  34. Grupo de Pesquisa TEMAS/UFRGS
  35. IBASE / Instituto e Análises Sociais e Econômicas – RJ
  36. Instituto Palmares de Promoção da Igualdade
  37. Instituto Terramar –Ceará
  38. Janise Bruno Dias – Professora Associada do Departamento de Geografia – Instituto de Geociências – Universidade Federal de Minas Gerais
  39. JnT – Justiça nos Trilhos
  40. KoBra Kooperation Brasilien (Alemanha)
  41. Laboratório de Pesquisas em Etnicidade, Cultura e Desenvolvimento -LACED/UFRJ
  42. LEMTO – Laboratório de Estudos de Movimentos Sociais e Territorialidades – do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense
  43. MAM – Movimento pela Soberania Popular na Mineração
  44. María Rosa Catullo – Instituto de Relaciones Internacionales – UNLP/CONICET- Argentina
  45. Movimento Artístico, Cultural e Ambiental de Caeté (MACACA)
  46. Movimento pela Preservação da Serra do Gandarela
  47. Movimento pelas Serras e Águas de Minas (MovSAM)
  48. Movimento Xingu Vivo Para Sempre
  49. NEHCIT Núcleo de História da Ciência e da Técnica
  50. NEPSSA – Núcleo de Estudos Pesquisas e Extensão em Saúde Socioambiental da Universidade Federal de São Paulo
  51. NIISA – Núcleo Interdisciplinar de Investigação Socioambiental, da Universidade Estadual de Montes Claros-Unimontes
  52. NINJA – Núcleo de Investigações em Justiça Ambiental da Universidade Federal de São João del-Rei
  53. Núcleo de Estudos e Pesquisas Sociais em Desastres- NEPED, da Universidade Federal de São Carlos/UFSCar
  54. Núcleo de Estudos Sobre o trabalho Humano da UFMG – NESTH
  55. Núcleo de Ensino e Pesquisa em Mercadologia e Estratégia em Operações – NUME/ FACE/ UFMG
  56. Núcleo de Pesquisas sobre Desenvolvimento Sócio-Espacial (NuPeD) do Departamento de Geografia da UFRJ.
  57. Observatório Interinstitucional Mariana – Rio Doce
  58. PoEMAS – Grupo Política, Economia, Mineração, Ambiente e Sociedade
  59. Produção do espaço urbano no Brasil - Curso de Arquitetura e Urbanismo do Instituto de Ciências Sociais da PUC Minas
  60. Programa Cidade e Alteridade: convivência multicultural e justiça urbano-rural
  61. Programa Participa UFMG – Mariana/Rio Doce
  62. Programa Polos de Cidadania da UFMG
  63. Rede Brasileira de Justiça Ambiental
  64. SOS Serra da Piedade
  65. TOXISPHERA – Associação de Saúde Ambiental
  66. Grupo de Estudos e Pesquisas Socioambientais (GEPSA/UFOP) 
  67. Grupo Integrado de Pesquisas do Espinhaço – GIPE
  68. Projeto Manuelzão – UFMG

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