O TERCEIRO PASSO DA DESTRUIÇÃO: ANGLO E ESTADO JUNTOS PARA O STEP 3

Sem títuloCMD, abril/2017

A forma como a mineração de ferro adentrou em Conceição do Mato Dentro é bastante conhecida por todos, mesmo que muitos permaneçam em silêncio. Não vamos relembrar aqui cada problema, ilegalidade, violência, injustiça, impacto, sofrimento e a promiscuidade que varreu prefeitos e colocou conceicionenses contra conceicionenses.

Lembram como era o projeto da então MMX? Sua dimensão, desde o início, era assustadora. Dois anos após o início da operação da Mina do Sapo (no final de 2014), que já está no Step 2, já querem licenciar nova expansão. Agora, para muito além dos limites propostos em 2007 e 2008. Isto demonstra a forma de agir da mineradora e dos governos que a defendem.

Nesta terça feira está marcada uma audiência pública. Um pedido da Anglo American para agilizar seu licenciamento, acatado no mesmo dia pelo governo Pimentel. O projeto que, nesta ocasião, será proposto ao nosso município, chamado Step (ou passo) 3, quase dobra o tamanho da cava já absurda, quando da sorrateira chegada da MMX aqui. Seguramente, os impactos ambientais e sociais virão em proporção muito maior e para cima, ou próximo, de novas comunidades, nascentes, córregos, áreas rurais produtivas e também preservadas e do Monumento Natural da Serra da Ferrugem.

Com o Step 3 a Anglo informa que atingirá a produção de 29,1 milhões de toneladas/ano. Essa é a capacidade que o atual mineroduto comporta para levar o minério ao porto no Rio de Janeiro. A Anglo já usa em suas atividades 2.500.000 litros/hora de água do rio do Peixe. Água suficiente para abastecer 400 mil pessoas por dia. Portanto, a pergunta que não quer calar: de onde virá a água para um provável step 4? No mapa, no verso desta, veremos que cerca de 40% da Serra da Ferrugem está fora desse passo 3. Se houver o passo 4, a produção ultrapassará a capacidade do atual mineroduto. Não nos esqueçamos, além do mais, que as águas que sustentam nossa população e a economia agropastoril da região nascem nestas serras ou se acumulam dentro de seus aquíferos que são destruídos.

Os estudos ambientais dessa etapa ou step não estão colocados, junto com suas implicações, ao juízo dos conceicionenses, que deveriam poder discutir e decidir questões tão sérias para a região! Nem mesmo aqueles que sofrerão os efeitos mais diretos da expansão tiveram a oportunidade de se informar e discutir acerca de qual será o seu futuro!!! Esse novo atropelo do direito à participação livre e informada constitui mais um espetáculo promovido pela Anglo American, com o apoio incondicional do governo do Estado. Mudam as caras dos governantes, mas não muda a política que promove injustiça e mantém a insegurança e a destruição em nosso meio.

Aécio Neves abriu o caminho para a destruição de Conceição e permitiu, com a concessão de licenças e acordos de palácio, o abrupto enriquecimento de Eike Batista, iniciado realmente com a venda do Projeto Minas Rio para a Anglo American. Seus aliados deram continuidade ao vexame governamental. A mídia tem denunciado uma gama de irregularidades envolvendo esse projeto megalomaníaco e seu idealizador, Eike Batista. Em entrevista publicada no jornal O Tempo (02/02/2017), Eike afirmou que no “Brasil que está nascendo agora (…) você vai pedir suas licenças, passar pelos procedimentos normais, transparentes e, se você for melhor, você ganhou e acabou a história”.

Até quando o cenário de corrupção entre políticos e empresários inescrupulosos vai continuar violando os direitos inerentes aos cidadãos atingidos pelo Minas-Rio?

A forma, mais uma vez, precipitada como age o governo estadual, ora comandado por Fernando Pimentel, nos leva a crer que se prepara o caminho para nova venda do Projeto Minas-Rio que, com a licença do Step 3 vai garantir melhores condições e “direitos” na negociação com novos compradores. É possível que, mais uma vez, sejamos alvos de especulações e negociatas que infernizarão ainda mais o cotidiano de nossas comunidades, a segurança e o futuro de nossas famílias? Será que vale a pena continuar entregando assim de mão beijada a nossa cidade e a região que amamos tanto?

O que faremos quando só restar a serra da Ferrugem destruída, a megabarragem de rejeitos (370 milhões de metros cúbicos de lama – sete vezes a barragem da Samarco que rompeu) ameaçando a vida de muitos, e a empresa, e possíveis sucessoras, tendo largado tudo para trás?

Reflita!

Rede de Articulação e Justiça Ambiental dos Atingidos pelo Projeto Minas-Rio da Anglo American – REAJA

CMD – Nota ref. STEP 3

AÇÃO POPULAR Step 3 

RECOMENDAÇÃO MPF/MG N.º 17, de 10 de abril de 2017

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