Pesquisadoras e pesquisadores do Gesta publicam seus trabalhos acadêmicos acerca do desastre no Rio Doce

Pesquisadoras e pesquisadores do Grupo de Estudos em Temáticas Ambientais (GESTA-UFMG) defenderam e publicaram seus trabalhos acadêmicos, resultados de pesquisas de graduação, mestrado e doutorado acerca do desastre das mineradoras Vale, Samarco e BHP Billiton no Rio Doce. Os trabalhos trazem abordagens em torno das relações entre comunidades atingidas e empresas, estado e outras instituições, bem como acerca dos processos de resistência, territorialidades e memória.

A tese de doutorado em Antropologia (UFMG) de Marcos Cristiano Zucarelli, defendida em agosto de 2018 e intitulada “A MATEMÁTICA DA GESTÃO E A ALMA LAMEADA: OS CONFLITOS DA GOVERNANÇA NO LICENCIAMENTO DO PROJETO DE MINERAÇÃO MINAS-RIO E NO DESASTRE DA SAMARCO”, investiga comparativamente as tecnologias sociais de gestão das crises e das críticas adotadas tanto para o caso do desastre da Samarco, quanto para o projeto de mineração do grupo Anglo American, conhecido como Minas-Rio, um dos maiores complexos mineradores do mundo. Através da abordagem etnográfica dos encontros de negociação e mediação entre as comunidades locais, corporações e funcionários do Estado, a tese demonstra que, em contextos de desregulamentação, a ênfase na assinatura de acordos, pretensamente consensuados, desqualifica as práticas políticas locais e não incorpora devidamente suas reivindicações. Enquanto aqueles que são reconhecidos como atingidos são ressarcidos parcialmente em seus direitos, através do processo assimétrico de negociação, os empreendimentos têm, além da redução dos custos das indenizações, a continuidade de seus projetos assegurada juridicamente pelas práticas de governança instituídas.

Em dezembro de 2018 foram defendidas duas monografias de pesquisadores do Gesta, bolsistas de iniciação científica e extensão e alunos do curso de Ciências Socioambientais (UFMG). A monografia de Ilklyn Barbosa da Siva, “PRA MOSTRAR PRA ELES QUE NÓS PRECISAMOS É DE LÁ, NÃO DAQUI”: RITUAIS DE RESISTÊNCIA COMO NOVAS FORMAS DE NARRAR E VIVENCIAR O DESASTRE NO RIO DOCE”, traz uma análise etnográfica das festas tradicionais da comunidade de Paracatu de Baixo, cujo território foi profundamente afetado pelo rompimento da barragem de Fundão, bem como da Marcha do MAB, realizada em toda a bacia do Rio Doce na ocasião de um ano do rompimento. O autor relaciona aspectos da religiosidade popular com processos de resistência, indicando pontos de intersecção entre religiosidade e política no âmbito do desastre. Maryellen Milena de Lima traz em sua monografia “AQUI NÃO É O NOSSO LUGAR” EFEITOS SOCIOAMBIENTAIS, A VIDA PROVISÓRIA E O PROCESSO DE (RE)CONSTRUÇÃO DE PARACATU DE BAIXO, MARIANA/MG”, uma análise sobre o processo de negociação do reassentamento da comunidade de Paracatu de Baixo. Além de trazer aspectos da “vida provisória” dos atingidos e atingidas no centro urbano de Mariana e seus efeitos comparados ao antigo modo de vida camponês. O trabalho mostra que as negociações para a reconstrução da comunidade estão sendo realizadas no âmbito do “jogo do empurra” em um moroso processo. O que faz perpetuar o cenário de angústia e incerteza quanto ao futuro.

Em fevereiro de 2019, Ana Beatriz Nogueira defendeu sua dissertação de mestrado em Antropologia (UFMG) sob o título  “SENTIR O CALOR DA TERRA, PRA SENTIR QUE A GENTE ESTÁ VIVO: MEMÓRIA, IDENTIDADE E TERRITORIALIDADE NA VIVÊNCIA COTIDIANA DO DESASTRE DA SAMARCO”, abordando diversos aspectos da vivência cotidiana do desastre pelas pessoas da comunidade de Paracatu de Baixo, desde o seu deslocamento compulsório, cujos efeitos são observados em processos de sofrimento social, trauma, adoecimentos e também de resistências e reconstituição de subjetitivdades e formas de habitar o mundo. O processo de desterritorialização acompanha a reterritorialização, que se dá de múltiplas formas, no retorno ao território devastado, na permanência em meio a um território marcado pela lama, na realização contínua de festas religiosas no território, bem como na reapropriação da própria história e construção de memória, que trazem novos sentidos de comunidade, pertencimento, identidade. O trabalho mostra o rompimento da barragem como um evento crítico que se insere nos cotidianos e nas trajetórias individuais e coletivas, transformando profundamente as formas pelas quais os sujeitos habitam o mundo.

Em Junho, Jéssica Lorrany de Jesus Silva apresentou a monografia pelo curso de Ciências Socioambientais, intitulada “MINERAÇÃO COMO FORMA DE VIDA E MORTE: ENTRE A DEPENDÊNCIA E O DESASTRE EM MARIANA – MG”, em que estudou o processo de vivência do desastre em Mariana e a inserção do movimento “Justiça sim, desemprego não” nesse contexto crítico, buscando compreender as percepções de membros e ex-membros deste grupo acerca da presença da mineração e, principalmente, da mineradora Samarco no município. Neste sentido, o trabalho pretendeu identificar elementos que tenham contribuído para a dependência econômica de Mariana com a mineração, no contexto da instalação da Samarco na cidade; as afetações causadas pelo rompimento da barragem de Fundão e o processo de vivência do desastre; bem como analisar como se manifesta a ideologia do desenvolvimento via crença na atividade mineradora como forma de vida, através dos discursos de membros e ex-membros do movimento “Justiça sim, desemprego não”.

Confira abaixo os links para acesso aos arquivos completos no site do GESTA:

Tese de Doutorado em Antropologia Social/UFMG

“A MATEMÁTICA DA GESTÃO E A ALMA LAMEADA: OS CONFLITOS DA GOVERNANÇA NO LICENCIAMENTO DO PROJETO DE MINERAÇÃO MINAS-RIO E NO DESASTRE DA SAMARCO”

Autor: Marcos Zucarelli

Ano: 2018

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Monografia de graduação em Ciências Socioambientais/UFMG

“PRA MOSTRAR PRA ELES QUE NÓS PRECISAMOS É DE LÁ, NÃO DAQUI”: RITUAIS DE RESISTÊNCIA COMO NOVAS FORMAS DE NARRAR E VIVENCIAR O DESASTRE NO RIO DOCE”

Autor: Ilklyn Barbosa

Ano: 2018

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Monografia de graduação em Ciências Socioambientais/UFMG

“AQUI NÃO É O NOSSO LUGAR” EFEITOS SOCIOAMBIENTAIS, A VIDA PROVISÓRIA E O PROCESSO DE (RE)CONSTRUÇÃO DE PARACATU DE BAIXO, MARIANA/MG”

Autora: Maryellen Milena Lima

Ano: 2018

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Dissertação de Mestrado em Antropologia Social/UFMG

“SENTIR O CALOR DA TERRA, PRA SENTIR QUE A GENTE ESTÁ VIVO: MEMÓRIA, IDENTIDADE E TERRITORIALIDADE NA VIVÊNCIA COTIDIANA DO DESASTRE DA SAMARCO”

Autora: Ana Beatriz Nogueira

Ano: 2019

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Monografia de Graduação em Ciências Socioambientais/UFMG

“MINERAÇÃO COMO FORMA DE VIDA E MORTE: ENTRE A DEPENDÊNCIA E O DESASTRE EM MARIANA – MG”

Autora: Jéssica Lorrany de Jesus Silva

Ano: 2019

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