Protestos em Londres na Assembleia geral da BHP (Samarco) – O cinismo corporativo

Por Frei Rodrigo Péret

Obtido em: http://www.falachico.org/2016/10/bhp-samarco-o-cinismo-corporativo.html

“Terminou, hoje (20 0utubro) a Assembleia Geral dos Investidores da BHP Billinton em Londres. A assembleia contou com dois momentos. Uma reunião separada na parte da manhã, para tratar exclusivamente de questões sobre impactos das atividades da BHP , sua visão sobre as mudanças climáticas e uma plenária.

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Presentes, vindo do Brasil, Maria do Carmo D´Angelo, moradadora de Paracatu de Cima, terceiro distrito destruído pelo avanço da lama em Mariana; Letícia Oliveira do Movimento dos Atingidos de Barragem de Mariana e o franciscano Frei Rodrigo Péret, da Rede Igrejas e Mineração.

A BHP através de seu presidente Jack Nasser admitiu que é culpada pelo desastre. Contudo, quando dirigimos perguntas de como será a remediação e a compensação, em toda a bacia do Rio Doce, a resposta é dispersiva. Falam da Fundação Renova, que pertence à Samarco (Vale e BHP), fruto do acordo feito pela empresa e os governo federal e estaduais (MG e ES). Tentam se justificar alegando dificuldades, devido à extensão do desastre. Daí para frente as afirmações nada mais são do que uma exercício vazio de retórica.

O Diretor Andrew Mackenzi, que esteve no Brasil, logo após o desastre, quando questionado para apresentar o cronograma de medidas efetivas de mitigação em curto, médio e longo prazo, em relação às perdas sociais e ambientais, nada apresentou. Na verdade, não existe, depois de um ano, um plano concreto para atender as comunidades, rurais, agroextrativistas e pesqueiras atingidas. Questionado sobre quais as medidas que serão tomadas em relação ao meio ambiente, divergiu e não disse nada de concreto. A restauração da fauna, da flora e de todo ecossistema da bacia do rio Doce, não foi nem mencionada, por ele.

Denunciamos e questionamos a falta de participação das comunidades atingidas e o fato de que a definição de quem é atingido se dá segundo critérios da empresa. Sobre isso, não houve resposta alguma.

Quando citamos exemplo concretos de famílias não consideradas como atingidas e portanto não assistidas minimamente, a retórica é a mesma, se trata de um desastre extenso e complexo.

Ao serem questionados pelo fato de os atingidos não tem nenhum poder deliberativo nos processos decisórios, eles não respondem e insistem em dizer que continuaram a fazer consultas.

A BHP como relatamos acima, admite a culpa em relação ao desastre, contudo o que o interessa é continuar os negócios. Sabem de sua responsabilidade, da extensão e da complexidade do desastre que perpetraram, mas continuam fazendo seus negócios como de hábito. Em inglês existem um termo, continuam com o “business as usual”.

Forma tratados também os impactos da BHP, ligados à mineração de carvão, na Colombia e  Indonésia. Na Colombia na região de La Guajira, 15 comunidades foram forçadamente removidas, continua agravar os problemas de saúde das pessoas e a contaminação de água. Na Indonesia  no projeto IndoMet, as comunidades estão exigindo que a empresa não lave suas mãos, em relação aos impactos ambientais, provocados por vazamento de barragens, que estão afetando o rio Barito.

A conclusão é que as corporações transnacionais consideram as pessoas e o meio ambiente como resíduos, lixo que deve ser removido.

Ao final, foi entregue um documento do MAB para o Presidente do Conselho Diretor da BHP, com 4 reivindicação.

Não à construção do dique S4. Que sejam feitas outras formas de contenção da lama, como retirada da lama da beira do rio e apresentadas alternativas locacionais para a construção do dique.

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Reestruturação da Fundação Renova e do acordo, de forma que os atingidos participem do conselho que toma as decisões da Fundação. O acordão e a fundação Renova são ilegítimos, não contaram com a participação dos atingidos na sua elaboração, mas a empresa sempre diz que já está prevista a participação dos atingidos, mas não nos espaços decisórios. Por isso que é necessário é reestruturar a fundação, da forma que ela está hoje, já há participação dos atingidos.

Reconhecimento de todas as famílias atingidas na bacia do Rio Doce, que tenham tido alguma mudança em suas vidas devido ao rompimento da barragem, de forma que elas recebam todos os direitos emergenciais e participem do processo de reparação e compensação definitivas.

Acelerar o processo de reparação de forma geral, principalmente na construção das moradias, nas ações em saúde, na retomada das atividades produtivas, a partir da participação e decisão dos atingidos.

Frei Rodrigo Péret, ofm”

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