MINERAÇÃO COMO FORMA DE VIDA E DE MORTE: ENTRE A DEPENDÊNCIA E O DESASTRE EM MARIANA – MG

A proposta deste TCC é estudar o processo de vivência do desastre em Mariana e a inserção do movimento “Justiça sim, desemprego não” nesse contexto crítico, buscando compreender as percepções de membros e ex-membros deste grupo acerca da presença da mineração e, principalmente, da mineradora Samarco no município. Neste sentido, o trabalho pretendeu identificar elementos que tenham contribuído para a dependência econômica de Mariana com a mineração, no contexto da instalação da Samarco na cidade; as afetações causadas pelo rompimento da barragem de Fundão e o processo de vivência do desastre; bem como analisar como se manifesta a ideologia do desenvolvimento via crença na atividade mineradora como forma de vida, através dos discursos de membros e ex-membros do movimento “Justiça sim, desemprego não”. Para tanto, foi mobilizado um conjunto de autores e autoras que tratam dos temas relacionados à história de Mariana, à mineração e à desastres. A pesquisa foi realizada em diferentes frentes: em documentos públicos de instituições nacionais e internacionais; a partir de relatos dos atingidos de Paracatu de Baixo (distrito destruído pelo desastre da Samarco) durante as oficinas de cartografia social realizadas pelo GESTA-UFMG; entrevistas com membros e ex-membros do movimento “Justiça sim, desemprego não”; e análises das declarações públicas de ambientalistas, atingidos, trabalhadores da mineração, e do prefeito de Mariana, concedidas à mídia ou durante eventos que tiveram o desastre como tema. Foi possível identificar uma forte construção do ethos marianense vinculado à mineração, mas, por outro lado, a relação de dependência com a atividade não apareceu como algo incorporado inquestionavelmente pelos sujeitos. Ao contrário, os discursos conscientes acerca do ônus proveniente da exploração mineral, e das conseqüências que se perpetuam mesmo após mais de três anos desde o rompimento da barragem, levantam possibilidades para se pensar em outras formas de desenvolvimento.

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