Ficha Técnica
Etnia Xakriabá reivindica ampliação do seu território
ÚLTIMA ATUALIZAÇÃO
11/11/2013ATORES ENVOLVIDOS
Fundação Nacional do Índio (FUNAI); Conselho Indigenista Missionário (CIMI); Confederação Nacional da Agricultura (CNA); Ministério Público Federal (MPF); Associação dos Produtores e Moradores dos Vales dos rios Itacarambi e Peruaçu (APROVI), Família Cerize, Articulação Rosalino.
MUNICÍPIO
Itacarambi, São João das Missões
CLASSIFICAÇÃO GERAL E ESPECÍFICA
Demanda Territorial (Terras Indígenas)
Atividades / Processos Geradores de Conflito Ambiental
Reivindicação de ampliação de território indígena
Descrição do caso:
(população afetada, ecossistema afetado, Área atingida, histórico do caso)
No dia
De acordo com estudos de Santos (1987) e Marquez (2008), a região ocupada é parte do território indígena Xakriabá, doada ainda por Januário Cardoso, filho do bandeirante Matias Cardoso, através de uma escritura lavrada e registrada em
De acordo com a publicação da Agência Brasil não houve registros de confrontos ou de agressões físicas pela polícia militar. Entretanto, a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), relata ameaças aos índios, registradas em boletim de ocorrência pela PM mineira, realizadas pela família Cerize, proprietários da fazenda. (http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-09-03/indios-Kakriabas-ocupam-fazenda-em-minas-gerais-e-cobram-demarcacao-de-terra acessado em
Ele chegou na porteira e não permitimos a entrada dele, então fomos ameaçados. Ele disse que, se não saíssemos, sofreríamos as consequências. Esse movimento não é só a luta de um cacique ou de um índio, mas é a luta de um povo todo”, diz cacique Barbosa. (http://m.g1.globo.com/mg/grande-minas/noticia/2013/09/xakriabas-mantem-ocupacao-em-fazenda-de-itacarambi-norte-de-mg.html?openGallery=true&photoIndex=1 ).
Segundo o coordenador do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) Leste, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que tem um escritório em Itacarambi, tem incitado os fazendeiros a reagir com violência contra os indígenas. "O processo de estudo da área e o levantamento de benfeitorias vinha caminhando com celeridade até o início de 2012, mas, a partir da investida da CNA, o processo parou" afirma ele. O coordenador do CIMI-Leste conta ainda que a CNA contratou uma advogada para fazer um laudo contestando o Relatório Circunstanciado de Revisão dos Limites da Terra Indígena Xakriabá e Xakriabá/ Rancharia, realizado pelo antropólogo da FUNAI. Tal laudo em anexo, busca desqualificar a perícia antropológica realizada pela FUNAI, uma vez que, segundo a autora “contém indícios de ter sido fundamentado em fraudes antropológicas” (Ruiz
a FUNAI realize minuciosa investigação a cerca da possibilidade de atuação do CIMI na região abrangida pelas terras indígenas Xakriabá e Xakriabá/Rancharia e suas ampliações uma vez que tal atuação relatada pela população local pode mascarar a realidade vindo até mesmo a confundir o antropólogo coordenador de GT”. (Ruiz
A advogada é proprietária de um grande imóvel rural no Mato Grosso do Sul que se encontra em conflitos territoriais com os Guarani Kaiowá e coordenadora da ONG Recovê. Com um curso lato sensu em antropologia vem subsidiando laudos antropológicos para a bancada ruralista no Brasil que têm grandes propriedades em conflito com territórios indígenas. Vide o grande número de processos junto à FUNAI no qual a advogada vem trabalhando.
A Fundação Nacional do Índio (FUNAI) iniciou os estudos de identificação das áreas Xakriabá reivindicadas, no ano de 2007. De acordo com o relatório antropológico de identificação e o levantamento fundiário realizado pela FUNAI constatou-se de que se trata de área indígena pertencente ao Xakriabá. No entanto, os procedimentos de publicação e demarcação ainda não foram efetuados, o que tem provocado o tensionamento dos conflitos na região. Com o objetivo de garantirem seus direitos territoriais e acesso ao território, os indígenas reivindicam a publicação imediata do Relatório de Identificação da TI Xakriabá e a efetiva regularização das terras tradicionalmente ocupadas de seu povo.
Na região existem 10 mil indígenas da etnia Xakriabá distribuídas em 32 aldeias (existentes nos municípios). Eles têm 54 mil hectares de terras tituladas e reivindicam outros 42 mil (G1 Grande Minas, 2013). Cabe recordar que os conflitos entre os Xakriabá e grandes fazendeiros no norte de Minas Gerais se estendem há vários anos, tendo seu ápice em fevereiro de 1987, com uma chacina que marcou a história do povo Xakriabá. O ex-prefeito de São João das Missões, o índio Xakriabá José Nunes de Oliveira, tinha apenas 11 anos quando presenciou o assassinado brutal de seu pai, de um tio e um primo, em sua própria casa, durante a madrugada. Sua mãe, Anísia Nunes, grávida de dois meses, foi ferida com um tiro no braço. José Nunes foi obrigado a arrastar o corpo ensanguentado do pai, do quarto onde foi fuzilado à queima roupa. O crime teria ocorrido por ordem de um fazendeiro do município de Manga, em razão de disputas pelos limites das terras. O pai de José Nunes, Rosalino Gomes de Oliveira, liderava a luta pela ampliação do território para os indígenas.
Na terça feira (
A ação foi distribuída à 2ª Vara Federal da Subseção Judiciária de Montes Claros, e às
De acordo com nota divulgada pelo CIMI após a decisão do juiz, membros da família Cerize fizeram ameaças aos indígenas.(http://cimi.org.br/site/pt-br/?system=news&conteudo_id=7136&action=read acessado em
Os Xakriabá entendem que este procedimento da justiça reforça a legitimidade da luta pelo território, porém desperta ainda mais a ira dos fazendeiros da região. No dia
Neste contexto, a Associação dos Produtores e Moradores dos Vales dos rios Itacarambi e Peruaçu (APROVI), distribuíram uma série de panfletos à população de Itacarambi, com objetivo de causar pânico entre os moradores e criar um processo de discriminação contra os indígenas. Ação contraposta imediatamente pelos indígenas, através de uma nota de esclarecimento encaminhada a esta mesma população e região, conforme documentos abaixo, coletados em trabalho de campo, por pesquisadora do Núcleo Interdisciplinar de Investigação Socioambiental (NIISA-Unimontes), no dia
O panfleto da APROVI convocou os produtores rurais a participarem de um protesto em Itacarambi no sábado (
No dia
No dia
FONTE(S):
Agência Brasil. http://agenciabrasil.ebc.com.br/noticia/2013-09-03/indios-Kakriabas-ocupam-fazenda-em-minas-gerais-e-cobram-demarcacao-de-terra
MARQUES.Juracy. 2008. Cultura material e etnicidade dos povos indígenas do São Francisco afetados por barragens: um estudo de caso dos Tuxá de Rodelas. Tese de doutorado defendida na Universidade Federal da Bahia – UFBA.
Projeto Mão Amiga. http://projetomaoamiga.wordpress.com/os-Kakriaba/me
Racismo Ambiental. racismoambiental.net.br/2013/09/vitória-da-constituicao-juiz-reconhece-erro-volta-atras-e-garante-direito-dos-Kakriaba-contra-invasores/
SANTOS, Ana Flávia Moreira. 1997. Do terreno dos caboclos do Sr. São João à terra indígena Xakriabá: as circunstâncias da formação de um povo. Um estudo sobre a construção social sem fronteiras. Dissertação de mestrado defendida na Universidade de Brasília.