ANGLO AMERICAN, EM CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO, É SINÔNIMO DE DESRESPEITO E VULNERALIZAÇÃO DE PESSOAS

Voltamos a público para alertar a população de Conceição do Mato Dentro que a prática de fragmentação de comunidades, com frequência utilizada pela mineradora Anglo American, está atingindo agora o meio urbano. O argumento principal continua sendo a ameaça de desemprego. Os fatos nos levam a crer que se busca obter a desestabilização política e social como tática para se obter a liberação de anuências em desconformidade com as leis municipais e os protocolos /acordos assumidos anteriormente.

A estratégia da fragmentação de conterrâneos e da transformação deles, pela perda da identidade que os unia e a adoção da lógica da empresa (de romper os laços de reconhecimento entre partes valorizadas de uma mesma comunidade), conseguiu cindir a cidade, transformar cidadãos, famílias, diferentes grupos sociais, em sujeitos antagônicos e, algumas vezes, adversários desafiados à revanche.

No ardor de legitimar suas aberrações, a Anglo ameaça desempregar e rescindir contratos de aluguel /prestação de serviços. Atira todos ao caos e, de forma antiética e estúpida, ameaça atirar-nos no fratricídio.

O projeto Minas-Rio é pau que nasceu torto. Foi elaborado a toque de caixa pela MMX, com tecnologias ultrapassadas e com o discurso de baixo custo logístico em razão da utilização do mineroduto que não considerou as consequências e impactos ambientais sistêmicos. Chegou a Conceição de forma disfarçada enquanto fazenda de criação de cavalos de raça. Comprou terras com valores díspares e vendia a ideia de negócio sustentável do ponto de vista social e ambiental.

À medida que obtinha licenças, facilitadas pelo governo estadual e uma sucessão de prefeitos, a Anglo American foi assumindo seu caráter coronelista, a ponto de tripudiar de autoridades, particularmente daquelas mais complacentes, que acreditavam ou passavam a ideia de terem boa fé em quem, os fatos vêm demonstrando, não é merecedor de tanta consideração.

Parece patente agora que a Anglo American quer passar seu negócio pra frente, da mesma forma que Eike Batista o fez em 2008, ajustando as tratativas e licenças ambientais, antes de vender o projeto Minas-Rio, e dar início ao seu depois frustrado enriquecimento. A Anglo American quer porque quer obter a anuência (sem que tenha sido feito Estudo de Impacto Ambiental) da Etapa 3 do empreendimento quando ainda não licenciado a Etapa 2. A pretensão de ocupação do território pela empresa parece algo tão desordenado quanto a reprodução de células cancerígenas.

Qual a justificativa para um empreendimento exigir duas (02) novas licenças de acréscimo de áreas antes mesmo de completar um ano de licença de operação de uma área que, segundo estudos da própria empresa seria equivalente a 05 anos de exploração?

Agora, o aviso de férias coletivas de 200 empregados da empresa mineradora, mesmo que tenha sido garantido a eles os direitos assegurados pela legislação trabalhista, passou a ser utilizado como ameaça e justificativa para transpor o controle de legalidade e o esvaziamento de valores de solidariedade a tantos outros trabalhadores rurais que tiveram seus empregos e produção ameaçados pelos impactos causados pela mesma empresa. São os Antônios, Zés, Marias, Ritas, Anas, Raimundos, Pedros, Bentos e tantos outros que tiveram e continuam tendo suas vidas, destinos e produção inviabilizada por tantos anos e sem quaisquer garantias, nem mesmo de que a lei seria cumprida.

Lamentamos que o mesmo clamor social não tenha ocorrido em novembro de 2013 quando 172 trabalhadores foram resgatados em obras da Anglo American, em condições análogas à de escravo, incluindo 100 haitianos e 72 nordestinos. Tampouco os conceicionenses manifestaram-se diante da reincidência do flagrante em maio de 2014, com mais 185 trabalhadores submetidos a condições análogas às de escravo pela fiscalização do Ministério do Trabalho e pelo Ministério Público do Trabalho. http://reporterbrasil.org.br/2014/05/fiscalizacao-volta-a-flagrar-escravidao-em-megaobra-da-anglo-american/

E o muitos continuam assistindo da janela, sem estranhar o massacre de conterrâneos, considerando normal este processo de dominação econômica, jurídica, política, social, territorial. Alguém se pergunta o que está por trás das férias coletivas da Anglo… Da interrupção de compromissos…

-A inviabilidade da produção em razão da escassez de água que levou o interrupção na captação do Rio do Peixe para uso no mineroduto?

- A redução de gastos já anunciada publicamente desde julho/2015 para viabilizar maior lucratividade?
- O plano de fragmentação maciça da comunidade para deixar novamente acéfala uma cidade?
- Dividir cidadãos e transformar a cidade em uma arena de gladiadores?
- Chantagear para superar limitações legais?
- Responsabilizar os atingidos e os técnicos encarregados do controle de legalidade a responsabilidade da redução dos 53.000 postos de trabalhos em todo o mundo já anunciada pela empresa desde julho de 2015. http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/mineradora-anglo-american-ira-demitir-53-000-em-todo-o-mundo

A Anglo que pretende encurralar a administração pública municipal e os órgãos licenciadores é a mesma que recusou-se a participar de audiência pública do Sapo no dia 02 de julho de 2015, ocasião em que teria obrigação de informar aos cidadãos e interessados o projeto de expansão da Mina do Sapo (Etapa 2).

É também a mesma que recusou-se a participar da reunião convocada pelos secretários estaduais, membros da comunidade e da Mesa Estadual de Diálogo e Negociação Permanente sobre Ocupações Urbanas e no Campo no dia 26/05/2015 em Conceição do Mato Dentro .

É a mesma que continua se recusando a cumprir as condicionantes, compromissos públicos e obrigações legais assumidas.

Não iremos nos calar diante de tantas irregularidades. Somos todos conceicionenses.

REAJA – REDE DE ARTICULAÇÃO E JUSTIÇA AMBIENTAL DOS ATINGIDOS PELO PROJETO MINAS-RIO

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