Conselho Pontifício de Justiça e Paz e atingidos da mineração se reúnem em Roma

Com muita esperança, força, e também com algumas ameaças recebidas em seus países, representantes de comunidades afetadas pela mineração chegaram em Roma, para uma reunião com o Conselho Pontifício Justiça e Paz. Com o título   “Em União com Deus, Ouvimos um Apelo”, participam cerca de trinta representantes de comunidades afetadas por atividades de mineração da África do ‘Ásia e Américas. As reflexões e discussões sobre questões da minerações, seus impactos e violações de direitos humanos e resistências das comunidades atingidas, vão de 17 a 19 de julho.
O encontro acontece a portas fechadas no Salesianum de Roma e destina-se a ser um tempo para recolher provas, partilhar experiências, refletir e concretizar propostas para ação futura pela Igreja e comunidades. Também participam quinze representantes das Conferências Episcopais, congregações e redes como a Caritas, CIDSE, Iglesias y Mineria, Franciscanos e JPIC e Mineração.
A Encíclica do Papa Francisco ,” Louvado seja” destaca os problemas que ocorrem ou são esperados em muitas áreas onde se está prospectando ou realizando a extração de minerais (números 29, 51 e 146). A recente publicação “Terra e Alimento” do Conselho Pontifício Justiça e Paz denunciou o tratamento escandaloso, por vezes, reservado, às pessoas e aos movimentos organizados em sua defesa (n. 54 e 115).
Com esta  reunião, o Conselho Pontifício tem a intenção de dar mais visibilidade às situações de violência e intimidação, a ilegalidade e a corrupção, poluição e violações dos direitos humanos relacionadas com a mineração, interpelando os responsáveis políticos, os governos, empreendedores, investidores e organismos intergovernamentais, a ouvirem o grito dos oprimidos e o grito da terra, e para agir com diligência e responsabilidade no serviço do bem comum, da justiça e da dignidade humana.
Presente ao encontro está o Cardeal Peter KA Turkson, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, juntamente com representantes de comunidades afetadas por atividades de mineração.
Do Brasil, representando as comunidades atingidas estão presentes 3 pessoas, Maria de Lourdes Souza, de Porteirinha (MG), relativo a impactos e violações de direitos humanos cometidos pela Carpatian Gold;  Patricia Generoso Thomas Guerra, de Conceição do Mato Dentro (MG) relativo aos impactos e violações de direitos humanos cometidos pela Anglo América, e Alaíde Abreu da Silva, de Buriticupu (MA),relativo a impactos e violações de direitos humanos cometidos pela Vale, no corredor da Grande Carajás. Além deles, do Brasil, também participam Padre Dario Bossi e Frei Rodrigo Péret, ambos da rede “Igreja e Mineração”.
Respondendo à imprensa, durante uma entrevista coletiva, Patricia respondendo à seguinte pergunta: por que a mineração gera violentos impactos também sobre os recursos hídricos?
O que vocês estão fazendo como comunidades para impedir isso?disse:
Nossas comunidades tinham à disposição muita água potável. Elas se organizaram em função dos recursos hídricos, construindo suas vilas próximas aos cursos de água. Especificamente na minha cidade, Conceição do Mato Dentro, temos 17 comunidades que sofrem pelos danos que a mineração provocou. Para extrair o minério é preciso destruir e rebaixar o lençol freático, bombeando água que vem sendo usada, em parte, no próprio processo de transformação do minério. Assim, a água pura e preciosa para a vida e a produção alimentar está sendo ursupada e contaminada e os lugares que a produziam não produzem mais. 
 
Muitas famílias foram obrigadas a se retirarem dos locais onde viviam há várias gerações para dar lugar às cavas de minério e barragens de rejeito. Outras foram forçadas a conviver, cotidianamente, com a agressão ambiental e tiveram alterações violentas de seu modo de vida, de seu sossego e bem viver. 
 
Mas a violência é ainda pior: num momento de extrema escassez hídrica, as empresas estão utilizando a água até para transportar o minério de ferro da mina ao porto. Por exemplo, o mineroduto Minas-Rio da empresa Anglo American inicia na minha cidade, onde há uma cava de 12km de extensão, e vai até o porto de Açu no Rio de Janeiro atravessando 32 municípios por 529 Km. Esse mineroduto utiliza 2.500 m3 de água por hora, o que seria suficiente para abastecer uma cidade de 220.000 habitantes! 
 
A água potável foi reconhecida como um direito humano inviolável e a comunidade já denunciou a violação desse direito em várias instâncias: nos órgãos licenciadores, fiscalizadores, nas Secretarias dos poderes públicos e até mesmo frente ao Relator Especial das Nações Unidas pelo Direito à Água e Saneamento. 
 
Papa Francisco apoiou os movimentos sociais argentinos com seu lema “A água vale mais que o ouro”. Nós em Minas Gerais dizemos “Minério não mata sede!”.”
 
Em seu pronunciamento, na conferencia de imprensa o Cardeal Trurkson, afirmou que a Igreja, em vários níveis acompanha a questão da mineração:
“O Conselho Pontifício também está ciente do compromisso de múltiplas partes interessadas: a) em nível regional como as Conferências Episcopais Continentais: ou a Rede Eclesial Panamazónica, ou o Departamento de Justiça e Paz da Associação dos Membros das Conferências Episcopais da África Oriental com o recente declaração Deitado foudations para uma Indistry apenas extractiva, b) em nível transnacional, tais como as redes dos franciscanos, CIDSE e da Caritas ainda família. Todas essas vozes vão em uma só direção: diante de tais situações não se pode deixar que a indiferença, o cinismo e a impunidade continuem. Precisamos de uma mudança de paradigma radical em vista bem comum, da justiça, da sustentabilidade, da dignidade humana.”
 
Cardeal Turkson em seu pronunciamento denunciou, que “algumas pessoas que participam da reunião foram pressionadas e intimidadas nos últimos dias, por exemplo, depois de solicitar um passaporte. Disse também que o Conselho Pontifício  recebeu os testemunhos de ameaças, violência e assassinatos, represálias.”
Fonte: http://www.falachico.org/2015/07/conselho-pontificio-de-justica-e-paz-e.html?m=1
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