Ser Quilombola e Ser de Pinhões: dinâmicas e experiências de uma produção do lugar
Esta dissertação tem como objetivo articular alguns elementos, práticas e dinâmicas que constituem a produção de uma ‘localidade’, a comunidade de Pinhões, situada no município de Santa Luzia no vetor norte da Região Metropolitana de Belo Horizonte. A construção da problemática de pesquisa partiu do acompanhamento de um processo de debate sobre a afirmação da identidade quilombola em Pinhões, ao longo de cinco anos, de modo que a pesquisa buscou analisar e refletir sobre os anseios de alguns habitantes de Pinhões em registrar essas dinâmicas, principalmente das mulheres membros da Associação Cultural das Mulheres de Pinhões. Assim, tomaremos como foco de análises as experiências e dinâmicas culturais ressaltadas pelos sujeitos envolvidos na pesquisa ao longo de todo este percurso. As reflexões, então, perpassam e atravessam a Associação Cultural das Mulheres e suas definições sobre Pinhões Quilombola, assumindo dinâmicas e experiências do domínio do cotidiano, bem como a tessitura de dimensões de uma história do ‘lugar’, num exercício que revela uma condição de distanciamentos e aproximações entre dois planos/dimensões de análise que perpassam um “nós” moradores de Pinhões e um “nós” quilombolas. Dimensões estas que instauram uma condição de liminaridade de um “ser” e ao mesmo tempo “não ser quilombola”, uma condição ao mesmo tempo instaurada e constitutiva. É sobre as experiências, práticas e dinâmicas de autonomia em relação ao ‘ser’, produzindo uma existência territorializada que constitui uma ‘localidade’ com suas dinâmicas e seus elementos culturais próprios, que Pinhões transita sobre as possibilidades da afirmação da identidade quilombola.