Quilombo Campo Grande: despejo, não. Audiência Pública/Comissão de Direitos Humanos ALMG
No dia 22 de novembro de 2018 foi realizada audiência Pública pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais afim de discutir a Liminar de Reintegração de Posse expedida por Juiz da Vara Agrária contra o Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio, sul de Minas. Trata-se de um conflito agrário que se arrasta há anos, desde que a antiga Usina de Ariadnópolis decretou falência, deixando trabalhadores sem receber salários, somando mais de 300 milhões de dívidas trabalhistas. Os trabalhadores decidiram ocupar as terras abandonadas, ociosas e nelas continuarem trabalhando e produzindo, como forma de garantir seus direitos.
Essa arbitrária e injusta decisão judicial, se mantida, terá consequências desastrosas e desumanas: serão destruídos 1.200 hectares de lavoura de milho, feijão e mandioca, 40 hectares de horta e 520 hectares de café. A produção agroecológica, orgânica é o diferencial do trabalho nessas terras. Além disso, centenas de casas, currais e quilômetros de cerca serão derrubados. Tudo o que os camponeses e camponesas do Quilombo Campo Grande (11 Acampamentos) do MST construíram em décadas de trabalho será destruído. São 3.900 hectares com quase 2.000 trabalhadores/as fazendo a terra produzir. São 450 familias totalmente integradas nessas terras, onde tem, inclusive, uma Escola Estadual em pleno funcionamento. Não restam dúvidas de que essa liminar de reintegração de posse é imoral, ilegal, e fere totalmente o principio da dignidade humana ao desconsiderar a vida dessas famílias no Quilombo Campo Grande, durante 20 anos.
No vídeo abaixo* há a intervenção do Dr. Willian Santos, Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/MG, que afirmou que documentos apresentados pelas famílias sobre seu trabalho e a produtividade das terras serão utilizados para reforçar o Agravo de Instrumento pela revisão da decisão judicial. Dr. Willian foi também incisivo ao afirmar que “não vai haver derramamento de sangue”, lembrando o massacre de Felisburgo/MG.
*Vídeo original das gravações do streaming da TV Assembleia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais. Divulgação de frei Gilvander Moreira, da CPT, das CPT e do CEBI. Edição de Nádia Oliveira, colaboradora da CPT-MG. Belo Horizonte/MG, 22/11/2018.