LUTAR COM OS PÉS NO CHÃO PARA CONTINUAR CAMINHANDO: uma Ecologia Política da megamineração de ferro no distrito do Vale das Cancelas (Grão Mogol/MG)

Atualmente, vivemos tempos cujas assimetrias proporcionadas pela relação entre desenvolvimento e desigualdade são visíveis e marcantes, e temáticas como terra e território tornam-se cada vez mais importantes. A partir da década de 1980, houve uma ampliação dos direitos cidadãos e da consciência dos mesmos por uma parcela da população, mudanças que proporcionaram mais espaço para a resistência e reinvindicações acerca do direito coletivo e consuetudinário. Minas Gerais possui uma grande quantidade de povos e comunidades tradicionais com características diferenciadas, emergindo, por exemplo, de identidades étnicas (indígenas, povos de terreiro, quilombolas, ciganos), vinculados a ecossistemas específicos (geraizeiros, vazanteiros, caatingueiros, veredeiros), e também definidos por atividades agroextrativistas (apanhadores de flores sempre-vivas, faiscadores), dentre outras categorias objetivadas em movimento social. Esta dissertação de mestrado tem como objetivo analisar como a luta do movimento geraizeiro do Vale das Cancelas pelo reconhecimento legal do seu território tradicional se fortalece no processo de enfrentamento ao Projeto Vale do Rio Pardo, um complexo minerário previsto para extração de minério de ferro com base em Grão Mogol, município situado nos confins da Serra do Espinhaço ao norte de Minas Gerais. O trabalho busca fornecer uma análise acadêmica amparada nos estudos sobre a ecologia política, o neoextrativismo e o reconhecimento legal dos povos e comunidades tradicionais perante a perspectiva etnográfica, tendo o Acampamento Alvimar Ribeiro como locus de pesquisa, analisando-o como uma ocupação política interessada na visibilização e homologação do Território Tradicional Geraizeiro do Vale das Cancelas.

PALAVRAS-CHAVE: povos tradicionais; Ecologia Política; megamineração; Rede-movimento social dos geraizeiros; Serra Geral.

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